domingo, 19 de junho de 2011

Arrancando do armário.




Lembrei essa madruga de como praticamente arranquei uma amiga do armário.
Eu a conheci no hospital onde trabalho. O fato ocorreu a pelo menos 7 anos atrás;
Trabalhava numa enfermaria clínica, e ela na cirúrgica. Praticamente em todos os meus plantões eu recebia a visita dela, portando nas mãos um presente: uma maca, com um paciente completamente chumbado.
(a mh enfermaria, além de clinica médica era aquela que reunia os pacientes finais de HIV e Câncer, quando ela me devolvia eles, após cirurgia, vc pode imaginar como era)
Enfim, esquecendo o momento negro da cena...

Vanda (nome falso ta? – me perguntaram o que é fictício, affff) sempre de calça jeans larga, (sim, podíamos trabalhar de jeans, mas com jaleco até o joelho) e tênis tipo All Star. Ela sempre chegava com sorrindo, como se trouxesse na mão um bolo de chocolate, brincando com todas as meninas (só as meninas) e ela tinha um “Carinho além do especial” pela minha enfermeira supervisora da época. Assim, a Vanda fazia questão de empurrar aquelas pesadíssimas macas, às vezes sozinha (hospital público não tinha maqueiro) só pra dar o ar da graça na mh enfermaria.

O tempo passou, e os comentários foram surgindo, a rádio jaleco tocava o seu pior veneno. E todos do hospital sabiam que Vanda tinha um caso com a enfermeira. Entretanto, eu havia percebido que não havia nada. Eu era uma das poucas que tinham o radar naquela época. Ambas eram Héteros.
 Embora eu não fosse assumida. Chamei Vanda para uma conversa, contei de mim, que era les, e que namorava já há algum tempo, e perguntei se ela era ou tinha vontade.
Ela ficou super ofendida, foi como se eu a tivesse acusado de assassinato em massa de velhinhas. Brigou comigo. Por fim, disse a ela que sábado iria a uma boate Gay com mh mulher, e SE ela estivesse disposta, ela poderia ir conosco.

Final de expediente. Lá estava Vanda na mh enfermaria, com seu costumeiro presente, faltando 10 minutos pra acabar o plantão :um paciente cheios de tubos e drenos e NO RESPIRADOR . Quem é da área sabe como isso faz vc querer virar o colega pelo avesso, enfiando a mão pela boca e girando pelo cu. (Ai ai ... PASSOU, momento ódio de enfermagem). AH, CTI lá era, ou é, Luxo para pacientes mais jovens ou sem doenças terminais

Enfim, Vânia, me chamou e disse:
- Eu quero ir, mas não sou Gay, quero só ver como é...

- Tá Bom! Eu acredito, Sapatão encubada. Isso foi o que eu pensei.mas responder, foi isso:
-Claro amiga, eu sei que vc não é, vc já me disse. Mas vamos dançar!

Na Plural, ainda estava meio vazia quando chegamos. Uma amiga nossa, a Claudia Duque (esse nome é real) era o show da noite pra quem queria namorar, voz e violão lindos. #MomentoTiete. Sentamos na fila do gargarejo, como de praxe, dada a nossa ligação com a cantora. E mh mulher dizia:
-Fica a vontade Vanda. Se vc não quiser, não rola nada pra vc.
- To bem, to bem (visivelmente deslumbrada com o mundo novo de mulheres lindas se beijando na boca e homens másculos, ou ursos se pegando, e com a boate cada vez mais cheia)

Eis que de repente uma menina chega na Vanda. Mh esposa e eu fazíamos coro:
 - Parte pra outra que essa é maior bagulho / - Essa é feia, tanta menina bonita na festa; (e algumas inclusive olhavam pra ela com intuito, mas a toupeira praticamente já tinha sentado em nossa mesa)

Ela respondia:
- Ihhhhhhhhhh gente, não vou ficar com ng. Nem gosto dessas coisas.

Viramos para frente, e ficamos namorando ao som das músicas que pedíamos a Claudia pra tocar.
Esquecemos de Vanda.
Quando lembramos alguns minutos depois, ela estava no maior amasso com a irmã do Dragão de São Jorge. Olhamos atônitas pra cena que víamos. Um misto de beijos e lambidas descompassadas, como se aquela fosse a última mulher do universo.
Imagina se ela fosse Gay, eu pensei... Realmente não devia ser. Se fosse tinha escolhido melhor...

A noite transcorreu assim: eu e mh mulher doidas para voltar pra casa e Vanda nos braços do filhote de rinoceronte com cutia. A Boate quase fechando e fomos expulsas de lá, mas não sem antes presenciar a troca de telefones e juras de retorno.

Vanda vinha atordoada no carro e nós dando gargalhadas da cara da “ex não gay”
Tão desesperada para pegar mulher, que nem reparou na carranca da figura.

E vc pensa que Vanda depois dessa teve jeito? Se eu contar (ainda vou contar) cada uma que ela já arrumou...
Amiga que amo de coração, mas ruim de escolher...

2 comentários:

Anônimo disse...

Malhando o gosto das amigas...uhsauhuhsauhsausausahaushaush

David Ramos disse...

Como diz uma amiga minha!! "-Aiii eu tenho o dedo podre!"
E realmente ela só cata tranqueira!

Beijos Gis

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